“Um momento muito importante a vários níveis”. É desta forma que o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel de Lemos, descreve a assinatura da adenda ao acordo de cooperação para a prestação de cuidados de saúde no Hospital de São Paulo, em Serpa, no distrito de Beja, propriedade da Santa Casa da Misericórdia local. A cerimónia decorreu no passado dia 6 de julho e contou com a presença da secretária de Estado da Saúde, Rosa Valente de Matos.
O acordo foi celebrado entre as administrações regionais de saúde do Alentejo e do Algarve, a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo, a Santa Casa da Misericórdia de Serpa e a UMP. Na prática, o acordo permite que o Hospital de São Paulo, que passa a ser gerido pela Misericórdia de Serpa em parceria com a UMP, preste “mais e melhores cuidados de saúde de proximidade” aos cidadãos do Alentejo e do Algarve, nomeadamente em áreas como consultas externas, em cirurgias em regime de ambulatório ou de internamento, em atendimentos em situação de urgência e em meios complementares de diagnóstico e terapêutica.
“É uma gestão partilhada. Já estamos a fazer isso na Anadia, com bastante sucesso, e o nosso objetivo é sairmos quando a Misericórdia de Serpa já for capaz de ‘voar’ por si”, refere o presidente da UMP ao VM. Manuel de Lemos nota ainda que esta parceria demonstra a “disponibilidade” da UMP “para cooperar com cada uma das Misericórdias” de Portugal.
“A área da saúde é-nos particularmente grata, pois estamos a cumprir um dos objetivos para que foi criada a nossa Misericórdia e esta adenda vai redefinir o acordo” assinado inicialmente em 2014, complementa a provedora da Misericórdia de Serpa, Maria Ana Pires, não escondendo que o protocolo está agora mais ajustado “às necessidades da região”.
Uma opinião partilhada pela secretária de Estado da Saúde, para quem o acordo de cooperação agora revisto e aumentado surge como “uma resposta à população do Alentejo e que vai também até ao Algarve”. “É um protocolo que permite efetivamente termos mais consultas em áreas onde temos maiores dificuldades e maior lista de espera”, diz Rosa Valente de Matos.
Na opinião da governante, esta parceria do Estado com as Misericórdias acaba por reforçar o papel e o alcance do Serviço Nacional de Saúde (SNS). “É uma complementaridade àquilo que os nossos hospitais e os nossos centros de saúde já fazem, no sentido de irmos ao encontro daquilo que as pessoas precisam”, frisa, para rematar: “Continua a ser uma resposta no âmbito do SNS, ainda que sendo um modelo de gestão diferente”.
A adenda ao acordo de cooperação para a prestação de cuidados de saúde no Hospital de São Paulo prevê que no local passem a ser prestadas consultas externas e cirurgias em regime de ambulatório nas especialidades de Cardiologia, Dermatologia, Oftalmologia, Ortopedia, Otorrinolaringologia e Urologia.
Está ainda prevista a realização de cirurgias em regime de internamento nas especialidades de Ortopedia, Otorrinolaringologia e Urologia, atendimentos em situação de urgência no Serviço de Urgência Avançado do Hospital de São Paulo, e a disponibilização de meios complementares de diagnóstico e terapêutica das áreas da Cardiologia, da Otorrinolaringologia e da Radiologia.
Está igualmente prevista a construção de um novo bloco operatório, que ficará situado junto à Unidade de Cuidados Continuados Integrados de Nossa Senhora de Guadalupe. A obra deverá estar pronta no início de 2019 e representa um investimento superior a dois milhões de euros, verba assumida em conjunto pela Misericórdia de Serpa e pela UMP.
Manuel de Lemos acredita que tudo isto vai melhorar os cuidados de saúde prestados na região e trazer uma nova dinâmica a Serpa, uma pequena cidade no interior da zona mais envelhecida do país. “Serpa é uma terra muito bonita, com enormes tradições, mas está a perder gente e a envelhecer. E instituições como os hospitais e as Misericórdias são ‘instrumentos’ de desenvolvimento local. Dão postos de trabalho a pessoas que depois vão aqui almoçar e às lojas, que se radicam, que compram casas. Isto faz animar as terras”, conclui o presidente da UMP.
Voz das Misercórdias, Carlos Pinto