“O tema é muito pertinente e reveste-se de grande importância no atual contexto das instituições prestadoras de cuidados de saúde e na sociedade, aliado ao envelhecimento da nossa população”. A afirmação foi feita por Djamila Santos, farmacêutica da rede de farmacêuticos da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), no painel inicial do I Seminário da Misericórdia de Vila Nova de Poiares, realizado a 19 de setembro, no Centro Cultural daquele município do distrito de Coimbra.
“As infeções são um problema muito grave que invadiu os hospitais portugueses e que começa a ter implicações e risco nos lares e nas unidades de cuidados continuados”, prosseguiu a farmacêutica Djamila Santos, passando a ler a mensagem que Manuel Caldas de Almeida – membro do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) – lhe fez chegar, na impossibilidade de moderar aquela sessão do seminário “Saúde no Envelhecimento: Os Paradigmas da Atualidade”. A moderadora apresentou, de seguida, as duas comunicadoras no painel: Paula Nobre e Maria Edite Trinco.
Na sua intervenção, acerca da evolução e da atualidade do controlo de infeção, a enfermeira Paula Nobre partilhou os seus conhecimentos e “a experiência destes desafios que nos assolam diariamente na prestação de cuidados”, salientando a integração do projeto de coordenação central da UMP e a disponibilidade para “apoiar, de forma ativa, cada unidade a desenvolver os seus programas locais de prevenção e controlo de infeção”.
Para a mesma enfermeira, o controlo da infeção não é um problema exclusivo de quem está na prestação direta de cuidados, nem exclusivamente dos hospitais ou das unidades de cuidados continuados. “É um problema da sociedade”, sublinhou, convicta de que “a emergência da resistência à meticilina transformou este agente patogénico [MRSA] num desafio terapêutico à escala global”.
“Sabemos hoje que, em 2050, se nada for feito, 390 mil pessoas irão morrer de infeção na Europa. Mas, acreditamos que ainda há um caminho em que podemos voltar um pouco atrás.”
Por sua vez, Edite Trinco (enfermeira coordenadora no Centro de Apoio à Terceira Idade da Santa Casa da Misericórdia de Coimbra) falou do tratamento de feridas e da prevenção das úlceras de pressão, baseada na vivência de uma estrutura residencial para idosos. A responsável desenvolveu a sua comunicação em torno dos indicadores da qualidade dos cuidados prestados, das morbilidades e co-morbilidades e do impacto económico deste problema de saúde pública.
Nessa perspetiva, a oradora destacou a avaliação dos riscos inerentes a limitações de mobilidade, além da avaliação dos utentes com úlceras de pressão e da própria condição geral da pele no risco das úlceras por pressão. Edite Trinco explicitou ainda um conjunto de intervenções de enfermagem que abrangem não só a avaliação individualizada, mas também os cuidados de higiene e conforto, a aplicação de pensos adequados, o alívio das zonas afetadas, a hidratação, a nutrição, a mobilidade, a supervisão, a gestão da dor e os indispensáveis registos.
O seminário organizado pela Misericórdia de Vila Nova de Poiares insere-se, segundo o provedor, na estratégia para melhorar ainda mais os serviços prestados à comunidade. De acordo com Manuel Lobo dos Santos, que falava na sessão de abertura, a Misericórdia “apoia diariamente mais de 300 utentes, com quase 150 colaboradores”, exercendo um considerável “impacto na economia social”. “Mas quer ir mais além”, tendo em vista vários projetos de melhoria e requalificação da instituição, em fase de concurso.
Voz das Misericórdias, Vitalino José Santos