?Quarenta anos depois do V Congresso Nacional, que marcou a criação da UMP as Santas Casas voltaram a reunir-se em Viseu para prestar tributo aos homens que ousaram afirmar a unidade das Misericórdias num período conturbado da sua história e, ao mesmo tempo, perspetivar estratégias de atuação no futuro.

?Apesar do mau tempo, mais de cem provedores, irmãos e corpos sociais de vários pontos do país encheram o salão nobre da Misericórdia de Viseu, no dia 26 de novembro, para uma sessão solene presidida pelo provedor Adelino Costa, bispo de Viseu, D. Ilídio Pinto Leandro, presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques, e presidente da UMP, Manuel de Lemos.

Lembrando que a “UMP é muito mais do que a soma das Misericórdias”, o provedor da Santa Casa anfitriã prestou homenagem a todos aqueles “que nos antecederam nesta nobre missão e aos provedores que estiveram presentes e participaram neste congresso histórico ”.

Alfredo Castanheira Pinto, único fundador vivo, guarda “memórias felizes” desse momento histórico em que ajudou a “constituir uma união para salvar as Misericórdias”, uma vez que Macedo de Cavaleiros era uma das 98 Santas Casas reunidas em Viseu.

Entre esse grupo de conjurados que decide em congresso a criação de “um órgão que a nível nacional, assegure a união das Misericórdias”, destacava-se a figura de Virgílio Lopes, sacerdote, provedor de Viseu e primeiro presidente da UMP (1976-1991), cujo legado pode agora ser recordado no Museu Tesouro da Misericórdia de Viseu.

A exposição, inaugurada quarenta anos depois do histórico congresso, reúne manuscritos, recortes de jornal, fotografias e medalhas, num esforço de reconstituição histórica empreendido pela Santa Casa, UMP e familiares do homenageado.

“O Padre Virgilio Lopes representa para nós o fundador porque teve a capacidade de reunir em Viseu um conjunto de provedores que decidiu que as Misericórdias deviam ser incontornáveis na sociedade portuguesa”, lembrou o atual presidente da UMP, Manuel de Lemos.

Para o bispo de Viseu, D. Ilídio Pinto Leandro, a figura do sacerdote que foi também seu professor é recordada com saudade neste ano com especial significado para as Santas Casas. “O Ano Extraordinário da Misericórdia terminou apenas no calendário [20 de novembro]. A partir deste ano, cada irmão passa a ser entendido como espaço de misericórdia e encontro”.

Num ano igualmente simbólico para a cidade de Viseu, o presidente da autarquia, Almeida Henriques, diz-se orgulho por receber as comemorações da UMP num município que privilegia a colaboração com instituições de solidariedade social.

“Se há uma resposta de proximidade no terreno que está junto dos cidadãos, essa resposta tem de ser potenciada quer seja publica ou privada. O vosso trabalho hoje ainda é mais importante que há 40 anos para que não se perca esse ativo e para que não se deixe de responder aos desafios do futuro de forma plena”.

A resposta a esses desafios é assumida diariamente pelas Santas Casas com uma atuação de proximidade no terreno, orientada pelos valores expressos nas catorze obras de misericórdia, como defende o atual presidente da UMP. “Somos orgulhosos de um passado de 500 anos mas interessa-nos uma enorme perspetiva de futuro. Por isso precisamos de uma estratégia de modernidade, inovação e atuação em grupo”, sustentou Manuel de Lemos.

De modo a afirmar essa “capacidade de inovação, de fazer diferente e fazer bem”, o presidente do Secretariado Nacional desafia as Misericórdias a associar-se às autarquias na criação de um programa das Comunidades Amigas das Pessoas Idosas e anuncia o lançamento de um cartão de saúde que prevê o alargamento da rede de cuidados das Misericórdias.

A sessão evocativa dos 40 anos da UMP contou ainda com as intervenções de Paulo Bruno Alves, Pedro Mota Soares e uma mensagem de Vítor Melícias, terminando com uma visita ao Museu Tesouro da Misericórdia de Viseu.

Os discursos da sessão evocativa estão disponíveis na íntegra aqui:

Paulo Bruno Alves

Pedro Mota Soares

Vítor Melícias