Manuel Caldas de Almeida, vice-presidente da União das Misericórdias Portuguesas, considera que a primeira fase do plano de vacinação contra a Covid-19 foi um “enorme sucesso”, pela coordenação inédita entre o SNS, Segurança Social, IPSS e Misericórdias, e que os casos de administração indevida de vacinas, embora careçam de investigação, são pontuais e não devem sobrepor-se ao essencial: a coordenação e empenho na proteção aos mais vulneráveis.

Destacando que a norma da DGS para o efeito apenas foi publicada no dia 30 de janeiro, o vice-presidente da UMP realçou que “no meio de uma terrível pandemia e dos números que nos assoberbam todos os dias, esta vacinação correu muito bem”.

“Estamos a dar atenção a detalhes que têm de ser avaliados, mas que não podem invalidar o enorme sucesso que foi a vacinação. Conseguimos pela primeira vez uma enorme coordenação entre o SNS, Segurança Social, IPSS e Misericórdias. Se houve irregularidades têm de ser detetadas e penalizadas”, sublinhou Manuel Caldas de Almeida num debate sobre a vacinação em Portugal, transmitido a 2 de fevereiro na TVI24, onde participou também o presidente da CNIS, Lino Maia, o vice-presidente da Ordem dos Enfermeiros, Luís Barreira, o advogado Carlos Melo Alves e o comentador da TVI, Pedro Santos Guerreiro.

No decorrer do debate, Manuel Caldas de Almeida destacou que todas as decisões tomadas no terreno, que dizem respeito à ordem prioritária de vacinação, foram articuladas com as entidades de saúde que prestaram apoio direto nos lares e unidades de cuidados continuados, nomeadamente os enfermeiros dos agrupamentos de centros de saúde (ACES).

“Uma das questões para a qual não estávamos preparados prende-se com os frascos da Pfizer darem para seis e não cinco doses, como inicialmente previsto. Em muitas instituições, aconteceu sobrarem 10 ou 15 doses e foi necessário acrescentar pessoas à lista, mas podemos dizer que, na maioria dos casos, prevaleceu o bom-senso”, exemplificou, adiantando ainda que o registo na plataforma nacional, disponível para o efeito, permite rastrear e comprovar eventuais irregularidades no processo. 

Por fim, o vice-presidente da UMP lembrou que todas estas instituições “vivem no fio da navalha há 11 meses”, num regime de “pré-catástrofe” e que muitos dos dirigentes envolvidos são prioritários para o funcionamento destas instituições num “exercício permanente de dedicação e empenho”. “Estão em contacto com os profissionais, estão em contacto com os utentes e se essas pessoas adoecem, a instituição colapsa”. Por isso, reforçou Manuel Caldas de Almeida, a vacinação de dirigentes ativos não visa a proteção individual, mas sim assegurar o funcionamento institucional e os cuidados aos utentes.

Fotografia: José Artur Macedo