O Presidente da República presidiu esta terça-feira, dia 4 de outubro, ao encerramento do ciclo de conferências realizado pela UMP, cujo objetivo foi apresentar um conjunto de seis livros sobre temas relevantes da nossa sociedade e que tiveram a colaboração de várias personalidades portuguesas.
Marcelo Rebelo de Sousa esteve na sessão dedicada ao livro “Memória Covid-19” e fez questão de deixar um forte elogio ao trabalho desenvolvido pela União das Misericórdias Portuguesas (UMP), na pessoa do seu presidente: “O Dr. Manuel de Lemos tem sido um grande líder e isso deve-se à sua pertinácia, à sua inteligência e à sua determinação ter conseguido o que foi conseguido. Por várias vezes apareceu com ideias que parecem inexequíveis e não o são. Ele transforma o impossível no possível. O que é tanto mais difícil quanto o setor social é um setor onde há falta de mecenato, o que acaba por depender muito das suscetibilidades públicas, das circunstâncias políticas e isso torna muito difícil a missão que ele desempenha. E que prossegue com gosto, com alegria, com competência e até com paixão.”
No discurso de encerramento, o Presidente da República lembrou que “nesta obra há muito que apela à nossa emoção. Porque ainda não passou muito tempo sobre a pandemia. Está muito próxima esta memória e também a odisseia das Misericórdias, e de outras instituições sociais, perante uma realidade nova, para a qual não estávamos preparados. Tivemos de enfrentar, inventando no próprio dia o que fazer no dia seguinte e em momentos de aperto, eu diria, muitas vezes dramáticos”.
Uma posição partilhada por Manuel de Lemos. Na opinião do presidente da UMP, “este livro que apresentamos é uma singela homenagem aos provedores e aos trabalhadores que deram o seu melhor nos últimos dois anos e meio. Foi um período que superámos com um misto de suor, lágrimas e sorrisos nas nossas vidas. Suor, porque muitas vezes fomos para além daquilo que era expectável, das nossas forças, dos nossos limites. Lágrimas, porque cada vez que havia alguém que partia era um pouco de nós que partia também. Sorrisos, porque salvámos muitas vidas, muitas mesmo.”
O responsável máximo da União agradeceu a todos o esforço que tiveram no combate aos mais de dois anos de pandemia e realçou o papel de todas as Misericórdias que, uma vez mais, se transcenderam no apoio a todos os que sofrem social, económica e fisicamente com a guerra e com a crise económica e social que invadiu a vida de todos os portugueses.
“Quando pensávamos que nos íamos recompor das nossas forças, somos confrontados com uma crise, fruto da guerra, fruto da desglobalização em curso, fruto da transformação energética. O resultado está à vista: inflação descontrolada, risco de deflação, aumento generalizado de preços. As Misericórdias estão de novo confrontadas com uma situação que, por vezes, é inexorável e que põe em causa de forma gravíssima a nossa sustentabilidade. Que é o mesmo que dizer, a nossa capacidade de ajudar quem precisa. Mais uma vez, a nossa responsabilidade comum é de nos superarmos e ajudar quem precisa”.
As preocupações convergem com as manifestadas pelo Presidente da República, que elogiou a iniciativa da União das Misericórdias e chamou a atenção para as reflexões que todos devem ter sobre a forma como o mundo está a mudar e como se devem combater os problemas associados ao cenário que se vive a nível mundial.
“Como disse o Dr. Manuel de Lemos, cai em cima da pandemia a guerra. Com efeitos políticos, geopolíticos, económicos financeiros e sociais. E, como sempre nestas circunstâncias, quem mais sofre são os mais pobres, os mais dependentes, os mais carenciados, os mais velhos, aqueles que têm de per si uma situação mais desfavorável”, adiantou Marcelo Rebelo de Sousa, sem deixar de reforçar que “esta foi uma boa iniciativa a suscitar várias reflexões, algumas lições e alguns passos a dar”.
Também por isso Manuel de Lemos deixou uma garantia. “Continuaremos junto do Estado, dos poderes públicos, a dizer o que é preciso para que possamos continuar a apoiar quem precisa. E neste contexto, como em tantas outras vezes, como fez sempre durante o período do Covid, exorto o Sr. Presidente da República a juntar à nossa voz a sua voz, que é sempre serena, firme e respeitada”, concluiu.
No final do seu discurso, a mais alta figura do Estado português deixou um sentido agradecimento a todos os que se juntam e juntaram no apoio à causa social. Marcelo Rebelo de Sousa voltou a elogiar o trabalho da União, na pessoa do seu presidente, mas também deixou um agradecimento a todos os que com ele trabalham para auxiliar quem mais precisa no nosso país: “Muito obrigado a esta verdadeira União das Misericórdias Portuguesas, muito obrigado aos Srs. Provedores, muito obrigado ao Dr. Manuel de Lemos. Em nome dos portugueses, eu agradeço, com a noção de que este foi um serviço prestado ao país. Pode não ter os ecos no meio da guerra e de outros assuntos que são importantes, mas fica marcado o ponto e aberto o caminho. Mais uma vez, bem aberto o caminho por esta casa e por este homem”.
A conferência dedicada ao livro "Memória Covid-19" contou ainda com um debate, moderado por José da Silva Peneda, presidente da Mesa da Assembleia Geral da UMP, no qual participaram Maria de Belém Roseira e Adalberto Campos Fernandes, ambos antigos ministros da Saúde.
Este ciclo de conferências teve também a apresentação de outras obras – “Envelhecer”, “MA(i)SAD”, “Obras de Misericórdia”, “Misericórdias no Feminino” e “Misericórdias: Património com Identidade”. As seis publicações foram produzidas com financiamento do POISE.