O FRDL foi criado para colocar ‘a última pedra’ em obras sociais prioritárias das Misericórdias de todo o país. Ao fim de cinco anos, considera que este objetivo foi conseguido?
O objetivo foi conseguido e largamente ultrapassado. Em pleno período de intervenção externa da ‘Troika’, foi necessário concluir as obras em equipamentos sociais para os quais as Misericórdias tinham deixado de ter meios, dado o aumento de pedidos para atendimento social imediato, provocado pela crise. Ao longo dos últimos cinco anos, foi possível concluir estas obras e alargámos o apoio do Fundo Rainha Dona Leonor a causas de inovação social e de recuperação do património histórico, tão relevantes e por vezes relegadas para um segundo plano.
Que importância atribui a esse alargamento do FRDL a projetos relacionados com património cultural?
Dada a urgência das respostas sociais, as Misericórdias nem sempre têm meios para conservar e restaurar o seu património com cinco séculos, tantas vezes classificado e detentor de um significado histórico muito relevante no nosso País. As Misericórdias não são IPSS que abrem e fecham consoante necessidades circunstanciais. São instituições que se reinventam e que permanecem socialmente úteis na comunidade ao longo dos séculos. O respeito pelo seu património é, também, um sinal visível deste serviço secular pelos mais desfavorecidos. Por isso, no orçamento de 2019, dupliquei o apoio nesta área, na sequência do Ano Europeu do Património.
Que desenvolvimentos podemos esperar do FRDL no futuro?
Nestes cinco anos, o Fundo Rainha Dona Leonor apoiou mais de 140 das 387 Misericórdias de todo o País, num investimento superior a 23 milhões de euros. No último ano, a pandemia desvendou fragilidades nos lares da Europa tendo sido desencadeados, em várias instâncias, novos meios financeiros de apoio a estas instituições sociais. Tal implica uma reflexão sobre qual deve ser o foco do Fundo na nova vaga de instrumentos financeiros. Mas estaremos sempre disponíveis para apoiar as Misericórdias portuguesas na medida das nossas possibilidades e das necessidades não atendidas das Misericórdias portuguesas.
Por último, em que medida o FRDL fortaleceu a ligação entre a Santa Casa de Lisboa e as restantes Misericórdias de Portugal?
O Fundo foi uma iniciativa histórica que, passados cinco séculos, inaugurou uma relação institucional entre a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e as restantes Misericórdias do País, através do acordo de parceria com a UMP. Creio que fizemos um caminho consequente, muito para além do apoio financeiro. Existe hoje uma relação de contacto natural e permanente que abarca trocas de experiências e de conhecimento nas áreas social e patrimonial. Exemplo disso são os dois projetos da UMP com apoio da SCML que, entretanto, foram acrescentados ao acordo de parceria nas áreas dos inventários e da proposta do Museu Virtual das Misericórdias, para além da experiência do Acordo Nossa Senhora do Manto que coloca utentes da SCML nas valências sociais das Misericórdias. Fizemos caminho e vivemos hoje uma relação robustecida e natural entre Misericórdias aberta a novas oportunidades.
Leia também a reportagem FRDL | Apoiar o que é virtuoso e necessário