Um ano após a tragédia, a UMP já concluiu a reconstrução de 28 habitações e tem em processo adiantado de execução outras 20 casas.

Pouco mais de um ano após a tragédia que assolou o centro do país com incêndios, a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) já concluiu a reconstrução de 30 habitações permanentes. Até outubro as restantes 18 casas serão entregues às famílias.

Em jeito de balanço, Carla Pereira, responsável do Secretariado Nacional (SN) da UMP por esse processo, contou ao VM que o maior desafio encontrado no terreno foi identificar as necessidades das famílias e disponibilidades das empresas de construção civil para, o mais rapidamente possível, dar início às obras. 

Para execução deste trabalho, referiu a vogal do SN, foram contratadas empresas de construção civil da região centro. “A União das Misericórdias está empenhada em devolver as casas às famílias, mas sabemos que fomentar a economia local é igualmente importante para que aquelas comunidades consigam refazer-se da tragédia. Queremos desta forma contribuir para o desenvolvimento local e evitar a desertificação”.

Todas as intervenções, continuou Carla Pereira, foram atribuídas à parceria pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro ao abrigo do protocolo assinado com o governo no âmbito do Fundo Revita. “O principal critério era ser habitação permanente e não haver seguros que suportassem o valor da recuperação”, disse.

Ao todo, foram atribuídas 48 casas à parceria da UMP com a Fundação Calouste Gulbenkian: 40 logo após os fogos e outras oito em dezembro de 2017. Estava previsto que no fim do mês de junho a totalidade das obras estivesse concluída. No entanto, devido às chuvas dos últimos meses, este prazo teve de ser prorrogado. Neste momento, tudo indica que as obras de reconstrução total de 18 habitações estejam concluídas até ao mês de outubro. 

Além da reconstrução de habitações e desenvolvimento da economia local, a UMP também aplicou verbas dos donativos no apoio ao fomento das explorações agrícolas locais (em Penela, Pampilhosa da Serra, Sertã e Góis), através da aquisição de alfaias, animais e plantações. 

Passado um ano desde que decorreram os incêndios na região centro, a parceria já investiu mais de um milhão e oitocentos mil euros na recuperação de habitações e de explorações agrícolas. A aplicação dos donativos pode ser monitorizada através da plataforma Juntos por Todos (https://www.juntosportodos.org). Desenvolvido graciosamente pela empresa F3M, este portal web foi criado no seguimento de uma política de total transparência na gestão das verbas angariadas por parte da União.

Também na lógica de transparência, todos os trabalhos desenvolvidos pela UMP e pela Fundação Calouste Gulbenkian estão a ser auditados por uma empresa internacional da especialidade que, segundo o presidente da União, Manuel de Lemos, “se disponibilizou para fazer esse trabalho pro bono”.

Concluindo-se a reconstrução das 48 habitações atribuídas à parceria e na eventualidade de haver remanescente de donativos, o que fará a União das Misericórdias Portuguesas com esta verba? De acordo com Carla Pereira, o fecho das contas apenas poderá ser realizado após o apetrechamento de todas as casas. 

Recorde-se que a UMP recolheu 2,1 milhões de euros para apoiar as vítimas dos incêndios na região centro. A maior parte desta verba foi arrecadada no âmbito do concerto Juntos por Todos, no então Meo Arena em Lisboa. O evento decorreu no dia 27 de junho, dez dias após o início dos incêndios na localidade de Pedrógão Grande, e contou com a participação de 25 artistas, e respetivos músicos, que se disponibilizaram a custo zero para atuar para 14 mil pessoas ali presentes.