Este tempo de permanentes e sucessivas inovações e de informação disponível em quantidades impensáveis cria situações em que o risco de nos sentirmos perdidos é uma ameaça real.

José Silva Peneda, Presidente da Mesa da Assembleia Geral da UMP

O diretor do Jornal Voz das Misericórdias, e meu amigo Paulo Moreira, convida-me a prestar um depoimento sobre os 35 anos de vida do jornal, o que faço com todo o gosto, começando por felicitar todos os que durante três décadas e meia têm colaborado na feitura do jornal. 

Não sendo eu especialista em jornalismo nem em grafismo, a impressão que colho da forma com que o jornal é apresentado parece-me adequada. Assim, deixo esta parte da análise para outros que entendam da matéria, o que manifestamente não é o meu caso.

O Voz das Misericórdias nasceu como uma peça da consolidação do processo de desenvolvimento da União das Misericórdias, nascida nove anos antes da criação do jornal. A União representa hoje 388 Santas Casas que empregam cerca de 45 mil trabalhadores, prestam assistência a mais de 165 mil utentes, têm 190 unidades de cuidados continuados com 4472 camas, o que significa que 46% dos cuidados continuados de todo o País são prestados pelas Misericórdias, 500 lares de idosos, 450 serviços de apoio domiciliário, 366 centros de dia, mais de 70 equipamentos para crianças e jovens em risco e ainda, 21 hospitais.

Por trás destes números há uma história, nalguns casos com mais de cinco séculos. Ao longo do tempo os homens bons de cada terra tiveram a capacidade para encontrar formas de socorrer os que mais precisavam e fizeram-no alicerçados na liberdade de criar e desenvolver instituições capazes de atenuar as dificuldades dos outros, na solidariedade, na tolerância e no respeito pelo ser humano nas suas múltiplas vertentes, valores que os mobilizaram para a ação. E assim sempre foram úteis. Doutro modo essas instituições já não existiriam. As Misericórdias não pararam no tempo. Tiveram sempre a capacidade para dar respostas de acordo coma as necessidades de cada época. Este percurso representa um património inestimável que tem servido de alimento para os desafios de hoje, tempo cuja característica maior é o elevado ritmo de mudanças, nunca experimentado noutra qualquer época da história planetária.

Este tempo de permanentes e sucessivas inovações e de informação disponível em quantidades impensáveis há poucos anos cria situações em que o risco de nos sentirmos perdidos é uma ameaça real. Daí a necessidade de nos ancorarmos a pontos de amarração muito fortes para não sermos arrastados por qualquer aragem adversa. Daí que nos dias de hoje o conceito de conetividade passou a ser decisivo e fator determinante para a sobrevivência das instituições.

A União das Misericórdias nasceu no momento certo. Os seus fundadores perceberam que estava chegado o tempo em que haveria muitas vantagens em criar uma forma de congregação de vontades em torno de uma ideia que desse força ao conjunto das Misericórdias. Passados mais de quarenta anos, essa visão mostrou-se ajustada e a sustentabilidade, capacitação e métodos modernos de gestão que as Misericórdias hoje apresentam deve-se, em larga medida, ao trabalho desenvolvido pela União, muito eficazmente dirigida pelo Dr. Manuel de Lemos.

O jornal Voz das Misericórdias nasceu enquadrado nesta estratégia ganhadora e é, a meu ver, uma peça fundamental ao permitir transmitir informação de interesse a todas e cada uma das Santas Casas, ao possibilitar a troca de experiências, sem deixar de ter um olhar sobre o mundo.

Formulo votos para que o Voz das Misericórdias continue este caminho a bem do bem comum.