O Parlamento Europeu, ao distinguir com o prémio Cidadão Europeu 2021 a União da Misericórdias Portuguesas, veio reconhecer a especificidade das Misericórdias no contexto do velho continente, na sua ação de apoio social e saúde às populações, especialmente aos mais debilitados. É uma distinção justa que enaltece a ação meritória das Misericórdias junto das comunidades que servem.
Esta distinção comporta em si um desafio, testando a capacidade da União das Misericórdias, e de todas as suas associadas, de fazer face às novas exigências na disponibilização de bens sociais ou de saúde. Igualmente, confronta-nos com a necessidade de adequação à visão do estado social europeu, adaptando-nos ao enquadramento de uma visão pública que determina prioridades e apoios para a sua implementação. No contexto de uma sociedade moderna, com uma população mais qualificada e exigente, a ação das Misericórdias quer-se cada vez mais eficiente, assumindo-se como um referencial de qualidade face a outro tipo de intervenientes, nomeadamente públicos. A preservação da matriz das Santas Casas não deve pôr em causa a abertura ao setor público para a complementaridade de serviços, visando servir melhor as populações.
O prémio Cidadão Europeu 2021 é um reconhecimento importante para a União das Misericórdias e as suas associadas, sinalizando estas instituições como parceiros na implementação de políticas sociais e de saúde, subordinadas a uma visão de políticas sociais com um cunho europeu, privilegiando-se respostas inovadoras. Às Misericórdias e à sua União cabe a responsabilidade de se adequarem às novas exigências, solidificando as Instituições em termos de organização e de serviços inovadores e de melhor qualidade, com instrumentos capazes de responder aos novos desafios.
Francisco de Araújo, Presidente do Conselho Nacional da UMP