"Caros dirigentes, trabalhadores, utentes e voluntários das Misericórdias.
Neste período pascal, tempo maior das Misericórdias, é com enorme afeto que vos dirijo palavras de tributo, reconhecimento e incentivo.
As Misericórdias, que ao longo de séculos sempre privilegiaram este período da Quaresma para um intenso exercício espiritual, souberam neste Tempo Maior da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, renovar anualmente as suas promessas, recuperando aí ânimo e forças necessárias para a sua ação quotidiana.
Nestes últimos anos estamos a ser infelizmente confrontados com desafios dolorosos que não imaginávamos poder vivenciar na primeira pessoa. Temos sido envolvidos numa verdadeira Via Crucis onde cada um, à sua maneira e com os recursos possíveis, tem feito a caminhada de sofrimento, recuperando fôlego e avançando com determinação para ajudar e salvar os seus semelhantes.
Se a pandemia nos lançou neste caminho dramático, a guerra, que agora vivemos, veio trazer-nos cruelmente a proximidade da morte e a consciência da nossa fragilidade como humanos.
Mas as Misericórdias, pela sua missão e pelo ideário que as anima, conseguem resistir com firmeza às adversidades e ultrapassar, com forte convicção, as pedras que o caminho lhes vai apresentando.
Tal como numa Via Sacra que conduz, por via da morte à ressurreição, também o trabalho das Misericórdias, apesar de todas as convulsões, consegue sair vitorioso quando, em cada momento, ajudamos um doente, um idoso, um refugiado.
Nesta Páscoa de 2022, em que o sofrimento está tão presente e o tormento do outro nos toca profundamente, sejamos capazes de acreditar na verdade do bem e na potencialidade do serviço ao nosso semelhante. Assim, conseguiremos, à nossa dimensão, contribuir para um mundo melhor, com sociedades mais justas e humanizadas, em que o supremo valor da vida seja respeitado e a bênção da Paz uma realidade.
A todos agradeço o trabalho desenvolvido, desejando que esta Páscoa nos renove e fortaleça para a caminhada que nos espera."