"De coração cheio". Assim se confessou Manuel de Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), no final da visita que efetuou ao distrito de Leiria, nos dias 23 e 24 de janeiro. A iniciativa serviu para ouvir as preocupações das instituições e tomar nota dos problemas, mas também para conhecer projetos e constatar no terreno a vitalidade destas organizações no apoio a quem mais precisa.

Dividida em três momentos, a visita começou em Alvaiázere, com deslocação à unidade de cuidados continuados da Misericórdia. Seguiu-se uma reunião em Pombal, que juntou os provedores da zona norte do distrito de Leiria. A comitiva rumou, depois, a Alcobaça e à Batalha, onde visitou estas duas irmandades. O primeiro dia terminou com um encontro no qual estiveram representantes das Misericórdias da zona centro do distrito.

No segundo, a visita concentrou atenções na região Oeste, com deslocação à recém-inaugurada estrutura residencial para pessoas idosas (ERPI) de Alfeizerão e à igreja da Misericórdia de Óbidos, alvo de obras de restauro e conservação concluídas no final de 2022. Também neste dia houve lugar a uma reunião que sentou à mesa os provedores da parte sul do distrito.

"Não podíamos visitar todas as 23 Misericórdias, pelo que optámos por dividir a visita por regiões: norte, centro e sul", explica Joaquim Guardado, presidente do Secretariado Regional de Leiria da UMP e provedor da Misericórdia de Pombal. O responsável considera que se tratou de uma iniciativa "muito frutuosa", onde os provedores puderam "tirar dúvidas, apresentar sugestões e refletir sobre os problemas que afetam as intuições, uns mais gerais, outros mais particulares".

A sustentabilidade das Misericórdias, face ao aumento da inflação, com reflexos nas despesas com salários, alimentação e combustíveis, foi, segundo Manuel de Lemos, a principal preocupação expressa pelos provedores. "Embora se reconheça a importância do apoio extraordinário anunciado pelo Governo no final do ano passado, há uma clara convicção de que não chega", salienta o presidente da UMP.

"É uma alteração conjuntural, que pode ajudar num contexto de agravamento da taxa de inflação, mas estruturalmente é preciso que o Estado acompanhe o crescimento dos custos por valência e ajude mais as famílias", defendeu Carlos Agostinho, provedor da Misericórdia da Batalha, durante a visita da comitiva à ERPI Residência Senhora da Vitória, em funcionamento há um ano e meio.

Na ocasião, Carlos Agostinho deu também nota dos investimentos que a instituição está a projetar na área da medicina física e de reabilitação e do apoio aos idosos, com a criação de um centro de dia a partir da reconversão de uma antiga extensão de saúde, e da intenção de ampliar a ERPI. Mas não foi apenas na Batalha que o presidente da UMP tomou conhecimento de novos projetos. Esta constituiu, aliás, uma tónica constante ao longo dos dois dias de visita. "Quase todas as Misericórdias [do distrito de Leiria] têm projetos. Isto significa que não estão para desistir e é revelador da força das Misericórdias", afirma Manuel de Lemos.

Segundo o líder da UMP, os projetos apresentados abrangem diversas áreas, desde o apoio à população sénior, com programas inovadores no apoio domiciliário, até à transição digital e energética.

"Esta vitalidade é sinal de que as Misericórdias têm muito futuro. Terminei a visita com o coração cheio e ânimo para poder continuar a trabalhar", assume Manuel de Lemos, considerando que a "dinâmica" revelada pelas instituições da região de Leiria "tem também muito que ver com a ação do Secretariado Regional" e com a capacidade das Mesas Administrativas de procurar "ir mais além" no apoio a quem mais precisa.

Vários momentos da visita foram acompanhados pelo diretor do Centro Distrital de Segurança Social de Leiria, João Paulo Pedrosa, numa tentativa de, em conjunto, encontrar soluções para alguns dos problemas que afetam as Misericórdias.

"Foi uma iniciativa muito enriquecedora, da qual resultou uma maior união para resolver os problemas daqueles que procuramos ajudar", conclui o presidente do Secretariado Regional de Leiria da UMP, Joaquim Guardado.

Voz das Misericórdias, Maria Anabela Silva