Começou na Póvoa de Varzim para terminar em Paços de Ferreira. A visita de Manuel de Lemos, presidente da União das Misericórdias Portugueses (UMP), ao distrito do Porto durou três dias. Nas palavras do próprio, “foram dias muito intensos e muito bons”. O VM esteve no final deste périplo, onde se fez um balanço muito positivo.

Num total de 21 Misericórdias, o distrito do Porto alberga Santas Casas do litoral ao interior. Junto à serra, ao rio ou ao mar, Manuel de Lemos reconheceu, em todas, “o fantástico trabalho que estão a fazer num quadro de dificuldade”. Numa visita de proximidade, como gosta de referir, o presidente da UMP percebeu que o quadro de subfinanciamento é geral a todas as Misericórdias, “seja mais urbana, ou mais do interior”.

Manuel Lemos reconheceu que “temos consciência de que é necessário alterar o financiamento”, lembrando que essa preocupação já foi transmitida a António Costa, primeiro-ministro, e Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, por ocasião do congresso das Misericórdias. Para o presidente da UMP não há dúvidas. “É o Estado que decreta e regula as medidas de proteção social no quadro constitucional. Portanto, é o Estado que deve ajudar ao seu financiamento”, apontou.

O presidente passou três dias junto daqueles que admira. “Foi uma ocasião para estar de perto com aqueles de quem gosto muito: as Misericórdias de Portugal. Conversar com os provedores, com as Mesas Administrativas”, referiu.  E, dificuldades à parte, registou “a total dedicação, entusiamos e empenho de todos com quem falei. Ninguém pensa em desistir, pelo contrário, estão para continuar, apesar das dificuldades. Têm consciência que o mais importante são as pessoas de quem cuidam”, congratulou. Para o futuro, Manuel de Lemos garantiu que a UMP vai continuar a “exigir do Estado”. “Não podemos cuidar de pessoas sem instituições. É isso que me move e me faz estar aqui”, concluiu.

O périplo pelo distrito do Porto foi acompanhado pelo Secretariado Regional (SR) do Porto. Maria Amélia Ferreira, presidente do Secretariado e, ao mesmo tempo, provedora da Santa Casa da Misericórdia do Marco de Canavezes, partilhou dos mesmos sentimentos. Num balanço que classificou de muito positivo, a responsável afirmou que “é muito reconfortante ver o modo com as Misericórdias trabalham. Foi muito importante perceber os problemas que cada uma atravessa, decorrente do contexto socioeconómico”.

A presidente do SR do Porto recordou que a pandemia “afastou fisicamente alguns órgãos das Misericórdias”, uma situação que começa a mudar. “Esta visita é um exemplo do retomar, após uma fase de maior afastamento. É importante o contacto, que permite estabelecer mecanismos para resolver ou ultrapassar alguns problemas”, sublinhou. Num balanço aos três dias de visita, Maria Amélia Ferreira garantiu que “as Misericórdias estão a fazer aquilo que é esperado que façam e a contribuir para tornar o mundo melhor”.

Coube à Misericórdia de Paços de Ferreira acolher a última visita do périplo pelo distrito do Porto. Em declarações ao VM, Mercedes Barros, provedora, diz ter sido “uma honra receber o Dr. Lemos”. À semelhança das congéneres, Mercedes Barros confessou que “não somos exceção às dificuldades. Há situações que temos que resolver com muita imaginação”, lembrou para, de seguida, acrescentar: “Temos tido muita força de vontade e uma equipa extraordinária que tem trabalhado muito”. Tal como Maria Amélia Ferreira, também a provedora Mercedes Barros lembrou o afastamento provocado pela pandemia. “Três anos de pandemia afastou-nos um bocadinho, mas esperamos que a partir de agora seja uma união profícua”, conclui aludindo às visitas levadas a cabo pela UMP em colaboração com os Secretariados Regionais.

À margem da visita, Maria Amélia Ferreira comentou as recentes manifestações levadas a cabo por trabalhadores das Misericórdias. Para esta responsável, há um esforço de equilíbrio entre órgãos de gestão e trabalhadores. “Tentamos um equilíbrio, mas com esta inflação não é fácil melhorar muito significativamente a situação dos trabalhadores. Temos essa noção. São trabalhadores que estiveram na linha da frente na altura da pandemia e a eles devemos o sucesso de termos ultrapassado essa fase”, sublinhou. A provedora lembrou ainda que há uma preocupação geral em resolver os problemas económicos, financeiros e estruturais das Misericórdias. E, no caso particular das condições laborais, Maria Amélia Ferreira não tem dúvidas: “Sem pessoas não conseguimos cuidar de outras pessoas e servir com qualidade é o nosso objetivo máximo e a preocupação primeira do Secretariado Regional do Porto”.

Esta visita é a continuação de um périplo do presidente pelas Misericórdias. As visitas tiveram início em setembro de 2022 e desde então Manuel de Lemos já foi a Setúbal, Santarém, Beja, Madeira, Leiria, Faro, Guarda, Aveiro, Évora e Vila Real.