Para o sexto mandato, que inicia em janeiro de 2024, o presidente recém-eleito considera que o maior desafio das Misericórdias “balança entre limites que são cada vez mais apertados: por um lado, a previsibilidade, a estabilidade e sustentabilidade das instituições e, por outro lado, a necessidade, que decorre da missão de ajudar as pessoas”.
No discurso de tomada de posse, alertou os representantes das Misericórdias presentes que se vive um “tempo muito difícil e não será, nem em 2024, ou 2025, que a situação vai melhorar em termos globais. Desde logo porque vamos ter vários períodos eleitorais e não se preveem maiorias claras, o que pode conduzir a um período de falta de interlocutores de pleno direito”.
Neste quadro, considera que o Pacto de Cooperação, o novo quadro comunitário, o Plano de Recuperação e Resiliência e a revisão do Estatuto das IPSS e da lei da economia social serão “instrumentos essenciais” para as Misericórdias, com base no pressuposto de que “cooperar é, afinal de contas, uma responsabilidade fundamental, sustentada pela solidariedade coletiva”.
Durante a cerimónia, o presidente da Mesa da Assembleia Geral da UMP referiu-se a esta “disponibilidade para o estabelecimento de compromissos como uma característica marcante na União das Misericórdias e uma atitude de modernidade face ao tempo que vivemos”. Para José da Silva Peneda, a resposta a uma sociedade cada vez mais fragmentada e complexa exige diálogo e concertação com outros agentes da sociedade e o Compromisso de Cooperação, assinado este mês (ver página 12), é exemplo desse “exercício de diálogo muito exigente” entre o setor social e o governo.
Sobre o resultado das eleições que culminou nesta tomada de posse, Silva Peneda destacou “a mais elevada participação de sempre” e interpretou-a como um sinal de que as Misericórdias estão bem vivas e reconhecem como muito positivo o trabalho desenvolvido pela UMP”.
No encerramento, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, destacou o trabalho conjunto que tem vindo a fazer ao longo destes quatro anos com o presidente reeleito da UMP, Manuel de Lemos, “grande parceiro de muitas lutas, sempre frontal e guerreador, tem sido um construtor permanente de pontes e soluções”. Agradeceu também à “grande força que trabalha no setor social, que são muitas vezes a face invisível de quem está ao serviço dos outros, colocando a vida deles em primeiro lugar, nunca nos esqueçamos que fazem das 14 obras de misericórdia o lema diário da sua ação e da sua vida”.
Em pleno advento, a herança de São Francisco de Assis foi celebrada com música, oração e palavras de homenagem do bispo de Santarém, que “lembrou o inventor do presépio há 800 anos” e a herança de “bondade e fraternidade” das Misericórdias, num tempo marcado pela distância entre a economia e as pessoas. As vozes do coro da Escola Luís Madureira, da Misericórdia da Amadora, fizeram eco desta “beleza humana” que todos os dias é colocada em ação pelas Misericórdias, numa atuação multicultural que refletiu, segundo o provedor Constantino Fragoso Pinto, a identidade desta Santa Casa do distrito de Lisboa.
VM, Ana Cargaleiro de Freitas