Secretariado Nacional e Secretariados Regionais da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) estiveram juntos para lançar as bases do trabalho a desenvolver ao longo do mandato 2020-2023. “Apenas uma posição conjunta poderá contribuir para a defesa dos interesses das Misericórdias”, disse o presidente da UMP durante a reunião que decorreu em Fátima, no Centro João Paulo II, a 6 de fevereiro.
Segundo Manuel de Lemos, os próximos quatro anos “vão ser muito complexos, especialmente no que respeita à estabilidade e previsibilidade necessárias para atuação das Misericórdias”. Eleições presidenciais, autárquicas e presidência portuguesa da União Europeia em 2021 são exemplos de como o cenário político poderá condicionar o quotidiano das instituições.
“O objetivo da UMP para este novo mandato é fortalecer o serviço às Misericórdias com base em três grandes prioridades: contribuir para a sustentabilidade, percorrer caminhos de inovação e continuar a apoiar as comunidades com qualidade técnica e humana”, afirmou o presidente da UMP, que falava perante os representantes das Misericórdias dos 18 distritos do continente e também das regiões autónomas dos Açores e da Madeira. Num total de 20, dez registaram alterações de liderança para este novo mandato (ver coluna ao lado).
Durante as suas intervenções, todos os representantes deram conta de problemas comuns, apesar das diferenças geográficas. Impacto do salário mínimo nacional, dificuldades relacionadas com recursos humanos (tanto ao nível dos auxiliares, como dos técnicos por causa dos salários praticados), inspeções da Segurança Social e comparticipações baixas e, em alguns casos, desadequadas foram dificuldades apontadas pelos representantes das Misericórdias.
Esses e outros desafios colocam em causa a sustentabilidade e a qualidade dos serviços prestados. Por isso, apelou Manuel de Lemos, importa que as Misericórdias tenham uma estratégia concertada e consensual que permita o acompanhamento e o reforço do apoio à atividade que diariamente as Misericórdias desenvolvem.
“Temos de reforçar o impacto da marca Misericórdia nas comunidades porque é uma marca que a população já conhece”, disse o presidente, destacando que as Misericórdias têm vindo a granjear cada vez maior notoriedade na sociedade portuguesa. “O trabalho que desenvolvem com rigor e disponibilidade para novos desafios traz consigo este reconhecimento, mas também um acréscimo de responsabilidade perante as pessoas que servem e os respetivos parceiros”.
Neste quadro, a atuação dos Secretariados Regionais e da URMA é determinante porque “são interlocutores privilegiados, conhecem as realidades locais, as dificuldades e anseios das Misericórdias. Os senhores são os nossos enviados especiais, estão genuinamente ao serviço das instituições”, afirmou Manuel de Lemos durante a reunião.
Por isso, uma estratégia de maior concertação entre Secretariado Nacional e as estruturas regionais da UMP poderá contribuir para reforçar o trabalho em rede nas Misericórdias. Defender os interesses das Santas Casas nos diversos fóruns de decisão onde estas instituições têm assento, incentivar a formação dos colaboradores e promover reuniões dos quadros técnicos são algumas das linhas orientadoras do trabalho a desenvolver ao longo dos próximos anos.
Ainda a propósito do novo mandato, um dos temas que também marcou a reunião foi a necessidade de revisão do regulamento dos SR. O atual normativo, afirmou o tesoureiro da UMP, José Rabaça, “não está adaptado nem à lei-quadro, nem à realidade”. Por isso, a revisão do regulamento e respetivos meios de financiamento será brevemente tema de debate entre as estruturas da UMP.
Esperam-se ainda alterações quanto ao formato e periodicidade das reuniões regionais. Serão estimulados encontros alargados, com a participação de um conjunto de Secretariados e de periodicidade trimestral.
Na reunião com os presidentes dos Secretariados Regionais também estiveram presentes o vice-presidente da UMP, Manuel Caldas de Almeida, que deu nota do trabalho desenvolvido na área do envelhecimento e dos cuidados continuados, e os vogais Patrícia Seromenho, Fernando Campos, José Silveira, Humberto Carneiro e Paulo Gravato. O presidente do Conselho Nacional, Francisco de Araújo, também marcou presença no encontro.
Voz das Misericórdias, Bethania Pagin