O olhar, ninguém mo prende. Assim escreveram os reclusos do Hospital Prisional de Caxias num concurso de escrita promovido pelos visitadores da Misericórdia de Oeiras.

A obra de misericórdia é dupla – visitar os presos e os doentes – para quem aqui entra mas o objetivo é um só: trazer o mundo para dentro dos muros que se erguem em todas as direções.

“Os muros começam dentro da nossa cabeça. Por isso tentamos ajudar a libertar e dar um pouco de esperança para que eles percebam que há vida para além destas paredes e muros”, explica a coordenadora do grupo de visitadores, que este ano celebra 25 anos de atividade.

O portão metálico abre-se para nos deixar entrar – com a certeza de que voltaremos a sair - dando lugar a mais barreiras de segurança, detetores de metais e aparelho raio x. As preocupações desvanecem-se após o primeiro contacto. “Primeiro pensamos, vamos visitar o mundo dos maus. Mas não é nada disso. Um destes reclusos-doentes podia ser nosso filho”, conta um dos fundadores do grupo da Misericórdia de Oeiras, Silvino Valente.

O principal desafio, e condição para exercício desta missão, é segundo a coordenadora Helena Mendes “desprogramar o preconceito”. “Nunca lhes perguntamos os delitos que cometeram. É mais fácil para nós não saber”. O sigilo é uma das regras que medeia este contacto com o exterior. Mas não a única. Os voluntários não podem trazer nada, exceto material de escrita, nem trocar informações pessoais por correspondência. 

Leia a reportagem na íntegra no seu Jornal Voz das Misericórdias de dezembro.