A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) associou-se à campanha do Dia Internacional do Voluntário, promovida pelo Centro Europeu de Voluntariado (CEV), para lembrar a importância do voluntariado nas comunidades, no contexto atual de pandemia. No âmbito desta iniciativa, a UMP convidou nove voluntários a partilhar o seu testemunho sobre a experiência vivida em várias Misericórdias: Melgaço, Venda do Pinheiro, Cascais e Vila Nova de Foz Côa.

‘Escolham seriamente as vossas lutas’
Os 26 dias de voluntariado na Misericórdia de Melgaço foram dias de aprendizagem, muita convivência, boas e más notícias. No final, valeram mesmo a pena porque ajudámos a ultrapassar este flagelo. E não houve um dia em que não dissessem obrigado. Agora é a minha vez de agradecer a todos que estiveram comigo na melhor experiência da minha vida. Queria terminar com algo que aprendi. Escolham seriamente as vossas lutas, não percam tempo com inutilidades, a vida tem propósitos e um deles é ajudar os que precisam de nós.
Pedro Silva, 26 anos, voluntário da Misericórdia de Melgaço

‘Os olhos despediram-se com um sorriso’
Após três semanas de voluntariado, onde se criaram laços de amizade inexplicáveis, a única coisa que queria era um abraço, intenso e cheio de coragem, que não é (ainda) possível. Protegidos por máscaras, os nossos olhos despediram-se com um sorriso, um obrigado e até já. Dei e recebi tantas emoções, que só a escola da vida nos ensina. Trago o meu coração cheio de amor. E agora tenho um desejo, voltar o mais rápido possível e poder abraçar todos. Isto será sinal que tudo isto passou e a vida voltou. Não se esqueçam: um abraço, através do olhar.
Adriana Morgado, 39 anos, voluntária na Misericórdia de Melgaço

‘Ajudar no que fosse preciso’
A Mara (colega da foto) viu uma bolsa de voluntariado no site da CASES e, como já fazia parte do nosso ADN, inscrevemo-nos para ajudar no lar da Misericórdia de Vila Nova de Foz Côa. Estávamos prontas para ajudar no que fosse preciso: banhos, refeições e medição de sinais vitais. O tempo passava a correr, havia horas em que ficávamos a conversar para os idosos desabafarem, não compreendiam porque estavam separados dos familiares. Quando se aproximou o dia da partida, agradeceram muito a nossa ajuda e sentiram-se muito gratos.
Ana Rita Ferreira, 22 anos, voluntária na Misericórdia de Vila Nova de Foz Côa

‘Maneira de poder ajudar alguém’
Os Moços de Recados tratam de ajudar os utentes da Santa Casa da Misericórdia de Venda do Pinheiro, que nos veem como um amigo, familiar ou vizinho a quem recorrem quando necessitam de ajuda, ou de algum género alimentar. Não encaramos a tarefa como um trabalho, mas sim como uma maneira útil de poder ajudar alguém, pois entendemos que são pessoas com necessidades maiores, e procuramos resolvê-las como se das nossas necessidades se tratassem, ou seja, com a devida atenção e carinho que merecem.
Pedro Fidalgo, 22 anos, voluntário na Misericórdia de Venda do Pinheiro

‘Sinto que fizemos a diferença’
A iniciativa dos Moços de Recados é genial e eu estou muito feliz por ter tido a oportunidade de fazer parte dela. Durante estes dias, fomos às compras de bens essenciais para os idosos e entregámos nas casas deles. Sinto que fizemos a diferença. Naquele momento, ao fim de dias de isolamento, havia alguém que se preocupava e passava um tempinho com eles e não há nada melhor que isso. Ajudar o próximo pode ser tão simples e esta experiência não me podia ter ensinado melhor. Estou muito grata por fazer parte deste grupo de pessoas incríveis.
Margarida Carreira, 17 anos, voluntária na Misericórdia de Venda do Pinheiro

Sentir o agradecimento sincero
Eu já era treinador voluntário na Escolinha de Rugby da Galiza, desde 2011/2012, e continuei sempre ligado ao ATL da Galiza. No início da pandemia, surgiu esta necessidade de confecionar refeições e entregar alimentos a famílias confinadas e, como eu tenho o gosto pela cozinha, chamei miúdos com quem treino para me ajudar. Tem sido muito gratificante, sobretudo nas entregas, quando recebemos um agradecimento sincero das pessoas de mais idade. Supera tudo sentir a necessidade e a resposta sincera de um obrigado profundo.
Bruno Moura da Conceição, 42 anos, voluntário no ATL da Galiza, Misericórdia de Cascais

‘Projeto que dá sentido à minha vida’
O voluntariado é um dos projetos que dá sentido à minha vida. Conjugo tudo isto com dificuldade, mas adoro esta adrenalina, se não fosse este caos até me perdia. Para mim, o grande trabalho que temos na vida é a relação que temos com os outros. Uma das coisas que me pode ter empurrado para o voluntariado é o facto de ter crescido numa família de oito irmãos e de termos de nos ajudar uns aos outros. O rugby também funciona assim, como exige grande esforço e sacrifício essa sobrecarga é repartida pelo conjunto.
Afonso Costa Pereira, 52 anos, voluntário na Escolinha de Rugby da Galiza, Misericórdia de Cascais

‘Compromisso do qual não prescindo’
Este projeto sempre foi um compromisso para mim, do qual não prescindo. São miúdos carentes, com famílias disfuncionais, que precisam de muita atenção. Tentamos dar-lhes alguma estrutura ali dentro, sabem que há regras a cumprir. Só levo coisas positivas desta experiência. O retorno é enorme, tanto a nível pessoal, como a nível escolar porque eles são forçados a aprender mais qualquer coisa. É muito gratificante. Os miúdos precisam de nós e eu não os largo por nada. Só tenho pena de não os ter conhecido mais cedo.
Susana Precatado, 60 anos, voluntária no ATL da Galiza, Misericórdia de Cascais

Fotografia: Misericórdia de Cascais / Afonso Costa Pereira